Genealogy Petroucic » Padre Antonio Vieira (1608-1697)

Personal data Padre Antonio Vieira 


Household of Padre Antonio Vieira


Notes about Padre Antonio Vieira

Biografia
Seis volumes dos Sermões, expostos numa Biblioteca Municipal, no Brasil.

Nascido em lar humilde, na Rua do Cónego, perto da Sé, em Lisboa, foi o primogénito de quatro filhos de Cristóvão Vieira Ravasco, de origem alentejana cuja mãe era filha de uma mulata ou africana, e de Maria de Azevedo, lisboeta.[1] [2] [3]

Cristóvão serviu na Marinha Portuguesa e foi, por dois anos, escrivão da Inquisição. Mudou-se para o Brasil em 1614, para assumir cargo de escrivão em Salvador, na Bahia, mandando vir a família em 1618.
No Brasil

António Vieira chegou à Bahia, onde em 1619 seu pai passou a trabalhar como escrivão no Tribunal da Relação da Bahia, o que motivou a vinda de toda a família. Em 1614, iniciou os primeiros estudos no Colégio dos Jesuítas de Salvador,[4] onde, principiando com dificuldades, veio a tornar-se um brilhante aluno. Segundo o próprio, foi a partir de um "estalo" na cabeça que, de súbito, tudo clareou: passou a entender com facilidade e a guardar tudo o que lia na memória. Até hoje muitos se referem a fenômeno semelhante a esse como "o estalo de Vieira".[5]

Ingressou na Companhia de Jesus como noviço em maio de 1623.

Em 1624, quando na invasão holandesa de Salvador, refugiou-se no interior da capitania, onde se iniciou a sua vocação missionária. Um ano depois tomou os votos de castidade, pobreza e obediência, abandonando o noviciado. Prosseguiu os seus estudos em Teologia, tendo estudado ainda Lógica, Metafísica e Matemática, obtendo o mestrado em Artes. Foi professor de Retórica em Olinda, ordenando-se sacerdote em 1634. Nesta época já era conhecido pelos seus primeiros sermões, tendo fama de notável pregador.

Quando a segunda invasão holandesa ao Nordeste do Brasil (1630-1654), defendeu que Portugal entregasse a região aos Países Baixos, pois gastava dez vezes mais com sua manutenção e defesa do que o que obtinha em contrapartida, além do fato de que os Países Baixos eram um inimigo militarmente muito superior à época. Quando eclodiu uma disputa entre Dominicanos (membros da Inquisição) e Jesuítas (catequistas), Vieira, defensor dos judeus, caiu em desgraça, enfraquecido pela derrota de sua posição quanto à questão da guerra.
Em Portugal

Após a Restauração da Independência (1640), em 1641 regressou a Lisboa iniciando uma carreira diplomática, pois integrava a missão que ia ao Reino prestar obediência ao novo monarca. Sobressaindo pela vivacidade de espírito e como orador, conquistou a amizade e a confiança de João IV de Portugal, sendo por ele nomeado embaixador e posteriormente pregador régio. Ainda como diplomata, foi enviado em 1646 aos Países Baixos para negociar a devolução do Nordeste do Brasil, e, no ano seguinte, à França. Caloroso adepto de obter para a Coroa a ajuda financeira dos cristãos-novos, entrou em conflito com o Santo Ofício, mas viu fundada a Companhia Geral do Comércio do Brasil.
No Brasil, outra vez

Em Portugal, havia quem não gostasse de suas pregações em favor dos judeus. Após tempos conturbados acabou voltando ao Brasil, de 1652 a 1661, missionário no Maranhão e no Grão-Pará, sempre defendendo a liberdade dos índios.[6]

Diz o Padre Serafim Leite em Novas Cartas Jesuíticas, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1940, página 12, que Vieira tem "para o norte do Brasil, de formação tardia, só no século XVII, papel idêntico ao dos primeiros jesuítas no centro e no sul», na «defesa dos índios e crítica de costumes". "Manuel da Nóbrega e António Vieira são, efectivamente, os mais altos representantes, no Brasil, do criticismo colonial. Viam justo - e clamavam!"
Naufrágio nos Açores

Em 1654, pouco depois de proferir o célebre "Sermão de Santo António aos Peixes" em São Luís,[6] no estado do Maranhão, o padre António Vieira partiu para Lisboa, junto com dois companheiros, a bordo de um navio da Companhia de Comércio, carregado de açúcar. Tinha como missão defender junto ao monarca os direitos dos indígenas escravizados, contra a cobiça dos colonos portugueses. Após cerca de dois meses de viagem, já à vista da ilha do Corvo, a Oeste dos Açores, abateu-se sobre a embarcação uma violenta tempestade. Mesmo recolhidas as velas, à exceção do traquete, correndo o navio à capa, uma rajada mais forte arrancou esta vela, fazendo a embarcação adernar a estibordo. Em pleno mar revolto, na iminência do naufrágio, o padre concedeu a todos absolvição geral, bradando aos ventos:

"Anjos da guarda das almas do Maranhão, lembrai-vos que vai este navio buscar o remédio e salvação delas. Fazei agora o que podeis e deveis, não a nós, que o não merecemos, mas àquelas tão desamparadas almas, que tendes a vosso cargo; olhai que aqui se perdem connosco."

Após essa exortação, obteve de todos a bordo um voto a Nossa Senhora de que lhe rezariam um terço todos os dias, caso escapassem à morte iminente. Ainda por um quarto de hora o navio permaneceu adernado até que os mastros se partiram. Com o peso da carga, estivada até às escotilhas, o navio voltou à posição normal, permanecendo à deriva, ao sabor dos elementos.

Nesse transe uma outra embarcação foi avistada, mas sem que prestasse qualquer auxílio. Ao cair da noite a mesma retornou, mas tratava-se de um corsário neerlandês que recolheu os náufragos a bordo e pilhou a embarcação à deriva, que acabou por ser afundada. Nove dias mais tarde, quarenta e um portugueses, despojados de seus pertences pessoais, foram desembarcados na Graciosa, onde o padre António Vieira, com o auxílio dos religiosos da Companhia de Jesus, procurou providenciar-lhes roupas, calçado e dinheiro durante os dois meses que permaneceram na ilha. Dali, também, creditou Jerónimo Nunes da Costa para que este fosse a Amesterdão resgatar os papéis e livros que lhe haviam sido tomados pelos corsários, o que se acredita tenha sido cumprido uma vez que dispomos hoje de cerca de duzentos sermões (este naufrágio é relatado no vigésimo-sexto) e cerca de 500 cartas do religioso, muitas das quais anteriores ao naufrágio.

O grupo passou em seguida à Ilha Terceira, onde Vieira obteve o aprestamento de uma embarcação para que os seus companheiros de infortúnio pudessem seguir para Lisboa. Instalado no Colégio dos Jesuítas em Angra, ele aqui permaneceu mais algum tempo, tendo instituído a devoção do terço, que pela primeira vez foi cantado na Ermida da Boa Nova. Entre os sermões que pregou em diversos locais da ilha, destacou-se o que proferiu na Igreja da Sé, na Festa do Rosário, celebrada anualmente a 7 de outubro, com aquele templo repleto.

Uma semana mais tarde, Vieira passou à Ilha de São Miguel, onde proferiu o sermão de Santa Teresa, um dos mais destacados de sua autoria. Dali partiu para Lisboa, a bordo de um navio inglês, a 24 de outubro. Após atravessar nova tempestade, o religioso chegou finalmente ao destino, em novembro de 1654.
Em Portugal, outra vez

Em Portugal, António Vieira tornou-se confessor da "regente", D. Luísa de Gusmão que foi a primeira rainha de Portugal da quarta dinastia. Com a ascensão ao trono de D. Afonso VI, Vieira não encontrou apoio.

Abraçou a profecia Sebastiana e por isso entrou em novo conflito com a Inquisição que o acusou de heresia com base numa carta de 1659 ao bispo do Japão na qual expunha sua teoria do quinto império segundo a qual Portugal estaria predestinado a ser cabeça de um grande império do futuro.
Em Roma

Em Roma, ficou 6 anos, encontrou o Papa a beira da morte, mas deslumbrou a Cúria com seus discursos e sermões. Com apoios poderosos, renovou a luta contra a Inquisição, cuja actuação considerava nefasta para o equilíbrio da sociedade portuguesa. Obteve um breve pontifício que o tornava apenas dependente do Tribunal romano. A mesma extraordinária capacidade oratória que seduzira, primeiro, o governo geral do Brasil, a corte de Dom João IV, e que depois, iria convencer o Papa e garantir assim a anulação das suas penas e condenações.

Entre 1675 e 1681, a actividade da Inquisição esteve suspensa por determinação papal em Portugal e no império, uma determinação que encontrou o seu maior fundamento nos relatórios sobre os múltiplos abusos de poder que o jesuíta deixou em Roma, nas mãos do Sumo Pontífice. Desta forma conseguia dois feitos raros e históricos, por um lado conseguia parar pela primeira vez durante sete anos a actividade do Santo Oficio em Portugal e, feito não menor, lograva escapulir da perigosa malha que inquisidores derramavam sobre si.
Em Portugal

Regressou a Lisboa seguro de não ser mais importunado. Quando, em 1671, uma nova expulsão dos judeus foi promovida, novamente os defendeu. Mas o Príncipe Regente passara a protector do Santo Ofício e recebeu-o friamente. Em 1675, absolvido pela Inquisição, voltou para Lisboa por ordem de D. Pedro, mas afastou-se dos negócios públicos.
No Brasil, pela última vez

Decidiu voltar outra vez para o Brasil, em 1681. Dedicou-se à tarefa de continuar a coligir os seus escritos, visando à edição completa em 16 volumes dos seus Sermões, iniciada em 1679, e à conclusão da Clavis Prophetarum. Possuía cerca de 500 Cartas que foram publicadas em 3 volumes. As suas obras começaram a ser publicadas na Europa, onde foram elogiadas até pela Inquisição.

Já velho e doente, teve que espalhar circulares sobre a sua saúde para poder manter em dia a sua vasta correspondência. Em 1694, já não conseguia escrever pelo seu próprio punho. Em 10 de junho começou a agonia, perdeu a voz, silenciaram-se seus discursos. Morre na Bahia a 18 de julho de 1697, com 89 anos.[6]

Notas

RevelarLX based on CARDOSO, Maria Manuela Lopes – António Vieira: pioneiro e paradigma de Interculturalidade. Lisboa: Chaves Ferreira Publicações S.A., 2001. p. 37-57; DOMINGUES, Agostinho – O Padre António Vieira: um património a comunicar. Porto: Edição Artes Gráficas, Lda., 1997. p. 6-37; DOMINGUES, Mário – O drama e a glória do Padre António Vieira. 2ª edição. Lisboa: Livraria Romano Torres, 1961. p. 9-31. MENDES, João, S.J. – Padre António Vieira. Lisboa: Editorial Verbo, imp. 1972. p. 9-23.
http://www.companhiadasletras.com.br/trechos/12824.pdf
http://digitalblue.blogs.sapo.pt/77449.html
Coelho, Geraldo Mártires. (dezembro de 2010). O visionário da Amazônia. Revista de História da Biblioteca Nacional, n.63
Sermões: http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/sermoes-401724.shtml
"Antonio Vieira". UOL - Educação. Consultado em 06 de fevereiro de 2013.
http://www.circuloleitores.pt/catalogo/1061674/padre-antonio-vieira
http://expresso.sapo.pt/lancada-obra-integral-do-padre-antonio-vieira=f785286
"Normas para o Ano Cristão". Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. 27 de novembro 2014. Disponível em: [1]. Página visitada em 20 de julho de 2015.
Revista Oceanos, nrs. 30/31, Abril/Setembro 1997.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Vieira

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Timeline Padre Antonio Vieira

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Ancestors (and descendant) of Antonio Vieira

Maria de Azevedo
< 1588-????

Antonio Vieira
1608-1697


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Historical events

  • Stadhouder Prins Maurits (Huis van Oranje) was from 1585 till 1625 sovereign of the Netherlands (also known as Republiek der Zeven Verenigde Nederlanden)
  • In the year 1608: Source: Wikipedia
    • January 7 » Fire destroys Jamestown, Virginia.
    • January 17 » Emperor Susenyos I of Ethiopia surprises an Oromo army at Ebenat; his army reportedly kills 12,000 Oromo at the cost of 400 of his men.
    • April 19 » In Ireland: O'Doherty's Rebellion is launched by the Burning of Derry.
    • June 3 » Samuel de Champlain completes his third voyage to New France at Tadoussac, Quebec.
    • July 3 » Québec City is founded by Samuel de Champlain.
    • September 10 » John Smith is elected council president of Jamestown, Virginia.
  • Stadhouder Prins Willem III (Huis van Oranje) was from 1672 till 1702 sovereign of the Netherlands (also known as Republiek der Zeven Verenigde Nederlanden)
  • In the year 1697: Source: Wikipedia
    • March 13 » Nojpetén, capital of the last independent Maya kingdom, fell to Spanish conquistadors, the final step in the Spanish conquest of Guatemala.
    • September 5 » War of the Grand Alliance: A French warship commanded by Captain Pierre Le Moyne d'Iberville defeated an English squadron at the Battle of Hudson's Bay.
    • September 11 » Battle of Zenta: a major engagement in the Great Turkish War (1683–1699) and one of the most decisive defeats in Ottoman history.
    • September 20 » The Treaty of Ryswick is signed by France, England, Spain, the Holy Roman Empire and the Dutch Republic, ending the Nine Years' War.
    • November 9 » Pope Innocent XII founds the city of Cervia.
    • December 2 » St Paul's Cathedral is consecrated in London.


Same birth/death day

Source: Wikipedia

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Roberto Moraes Rosa Petroucic, "Genealogy Petroucic", database, Genealogy Online (https://www.genealogieonline.nl/genealogy-petroucic/I146245.php : accessed June 21, 2024), "Padre Antonio Vieira (1608-1697)".