Biografia
Filha de Adolfo Lutz, cientista e pioneiro da Medicina Tropical, e de Amy Bruce Lee, enfermeira inglesa,[1] Bertha era bióloga de profissão. Licenciou-se em 1918 em Sciences (ciências naturais) em Paris, na Sorbonne, com especialização em anfíbios anuros. No ano seguinte, passou em um concurso e se tornou docente e pesquisadora do Museu Nacional, tornando-se a segunda brasileira a fazer parte do serviço público no Brasil.
Depois de tomar contacto com os movimentos feministas da Europa e dos Estados Unidos, Bertha criou as bases do feminismo no Brasil. Uma das principais bandeiras do feminismo à época era o sufrágio feminino.
Foi a fundadora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), em 1919,[4] após ter representado o Brasil na assembléia geral da Liga das Mulheres Eleitoras, realizada nos Estados Unidos, onde foi eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana.
Em 1932, através do Código Eleitoral, as mulheres do Brasil adquiriram o direito ao voto, uma consequência do trabalho das organizaçoes feministas da época.[1] Continuaram pressionando os políticos para assegurar o direito de voto às mulheres no texto da Constituição de 1934 e tiveram sucesso.
Também se tornou advogada em 1933 pela Faculdade do Rio de Janeiro, que depois foi incorporada à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Tentou se tornar professora da instituição com a tese "A Nacionalidade da Mulher Casada perante o Direito Internacional Privado",[5] em que abordava a perda da nacionalidade feminina quando a mulher se casava com um estrangeiro.
Foi eleita suplente para deputado federal em 1934, após duas tentativas malogradas de se eleger. Em 1936 assumiu o mandato, que durou pouco mais de um ano.[6] As principais bandeiras de luta eram mudanças na legislação trabalhista com relação ao direito feminino ao trabalho, contra o trabalho infantil, direito a licença maternidade e a equiparação de salários e direitos. Em 1937, com o golpe do Estado Novo e o consequente fechamento do Congresso Nacional Bertha continuou a sua carreira em órgãos públicos, a exemplo do cargo de chefia no setor de botânica do Museu Nacional que ocupou até aposentar-se, em 1965.[1]
Integrou a delegação do Brasil à Conferência de San Francisco, realizada entre maio e junho de 1945. Esta conferência foi convocada para redigir o texto definitivo da Carta das Organizações das Nações Unidas e, durante a reunião, Bertha se empenhou para assegurar que a Carta da ONU fosse revista periodicamente, além de outras aspirações da diplomacia brasileira, em sintonia com as delegações da América do Sul. Mas, seu grande feito foi o trabalho de apoio político ao delegado da África do Sul, General Smuts, a fim de que o preâmbulo da Carta fosse redigido mediante o compromisso com a igualdade, entre homens e mulheres e entre as nações. Por conta de sua atuação na Conferência de San Francisco, Bertha foi convidada pelo Itamaraty a integrar a delegação brasileira à Conferência do Ano Internacional da Mulher, realizada no México, em junho de 1975.
Bertha nunca se casou.
Atualmente, existe um sítio na internet dedicado à atuação política e científica de Bertha Lutz. Trata-se do Museu Virtual Bertha Lutz, desenvolvido na Universidade de Brasília, com apoio do CNPq.[5]
Em 2017, seu sobrenome foi homenageado a partir da nomeação da espécie de perereca Aplastodiscus lutzorum.[7]
Referências
"Bertha Maria Júlia Lutz é conhecida como a maior líder na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras" - por Helena Daltro Pontual para o Senado Federal (Portal de Notícias)
Sociedade Brasileira de Ginecologia Endócrina "Trends towards Non-Aquatic and Direct Development in Frogs" (em português)português)
Conheça mulheres que se tornaram grandes cientistas - Bertha Lutz (1894-1976) Portal BOL - acessado em 8 de março de 2015
. Consultado em 26 de abril de 2014
. Consultado em 26 de abril de 2014
(PDF). Consultado em 26 de abril de 2014
. Setor de Herpetologia do Museu Nacional. Consultado em 3 de abril de 2017. Cópia arquivada em 3 de abril de 2017
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Berta Maria Júlia Lutz |
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