João Batista Barreto Leite
Nascimento: 07 de dezembro de 1906
Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brazil
Administrado por:Lúcia Pilla
Filho de João Baptista Barreto Leite e Gonçalina Azevedo Barreto Leite
LEITE FILHO, BARRETO*jornalista; mov. comunista. João Batista Barreto Leite Filho nasceu em Santa Maria (RS) no dia 7 de dezembro de 1906, filho de João Batista Barreto Leite e de Gonçalina Azevedo Barreto Leite. Fez estudos regulares até o secundário, prosseguindo como autodidata. Em 1923 transferiu-se para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e ingressou na carreira jornalística. Nesse mesmo ano trabalhou no jornal A Notícia e, a partir do ano seguinte, em O Brasil. Em 1927 foi colaborador do A Manhã e a partir de 1928 escreveu em O Jornal, de São Paulo, no Diário da Noite, do Rio, e no Diário de Notícias, de Porto Alegre. Participou, como jornalista, da campanha da Aliança Liberal em 1929 e 1930. Enviado especial de O Jornal a Buenos Aires em 1930, obteve uma série de entrevistas do líder tenentista Luís Carlos Prestes. Exilado na capital argentina, Prestes respondeu nessas entrevistas às críticas feitas tanto por integrantes da Aliança Liberal quanto por membros do Partido Comunista Brasileiro então Partido Comunista do Brasil (PCB) ao seu Manifesto de maio, em que se declarava comunista e criticava a revolução que a Aliança Liberal preparava. Ligando-se a Prestes, Barreto Leite Filho com ele participou em Buenos Aires, em julho de 1930, da fundação da Liga de Ação Revolucionária (LAR), cujo manifesto-programa redigiu. A LAR surgiu por ocasião do rompimento de Prestes com a Aliança Liberal e como resultado de divergências com o PCB, pretendendo pôr em prática a revolução agrária e anti-imperialista e qualificando-se como um "órgão técnico" de preparação dos trabalhadores rurais e urbanos, assim como da pequena burguesia empobrecida, para a revolução. Foi extinta logo após a Revolução de outubro de 1930. Barreto Leite Filho ficou exilado em Buenos Aires e depois no Uruguai, só voltando ao Brasil em 1934, quando ingressou no Diário de Notícias. Filiou-se em seguida ao PCB, militando sobretudo no setor sindical. Entre maio e junho de 1935, fez-se líder de uma ala de oposição que surgia no interior do PCB. Considerava esse grupo que a direção do partido, incorrendo em aventurismo e seguindo uma linha de direita, adotava então uma orientação que visava à tomada do poder e deixava de lado o embasamento teórico. Segundo seu próprio depoimento ao Cpdoc, em outubro de 1935 Barreto Leite Filho enviou, com o apoio da ala dissidente do partido, uma carta a Prestes líder do PCB e da Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente única de esquerda que fundia setores da classe
média e do operariado em que criticava a política do PCB em relação à participação de comunistas na ANL, a seu ver uma organização de cunho pequeno-burguês. Observava que, apesar de suas discordâncias, colaborara com a aliança após seu fechamento pelo governo em julho de 1935 e auxiliara no preparo do levante armado previsto para novembro, encarregando-se de chegar a um entendimento com a minoria parlamentar. Naquele momento, no entanto, rompia com Prestes e com os comunistas, alertando para o risco que corria o PCB de se ver absorvido pela ANL e abandonar a representação do proletariado. Advertia que nem as massas nem o partido estavam preparados para o levante de novembro e sugeria sua suspensão. Expulso do PCB logo depois, não participou da malograda Revolta Comunista deflagrada no Nordeste e no Rio de Janeiro em novembro de 1935. Ainda assim foi preso e, acusado de ter sido um dos líderes do levante, ficou detido até julho de 1937, quando foi absolvido em processo julgado pelo Tribunal de Segurança Nacional. Em seguida, militou por pouco tempo na Liga Comunista Internacionalista, grupo trotskista formado no Rio de Janeiro que tinha como figura exponencial o escritor Mário Pedrosa, elemento de influência decisiva na sua formação política. Às vésperas da implantação do Estado Novo (10/11/1937), exilou-se novamente em Buenos Aires. Trabalhou na imprensa argentina até regressar ao Brasil, no início de 1938. Passando a escrever sobre política internacional, deixou de participar de campanhas políticas nacionais como jornalista. Em 1943 ingressou nos Diários Associados e foi correspondente de guerra durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e correspondente na Europa (Paris e Berlim) de 1946 a 1949, ano em que participou da delegação brasileira à Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1954 cursou a Escola Superior de Guerra (ESG) da qual se tornaria conferencista e em 1955 foi mais uma vez membro da delegação brasileira à ONU. No mesmo ano tornou-se professor do Instituto Rio Branco, do Itamarati. Ainda em 1955 apoiou a conspiração contra a posse do presidente Juscelino Kubitschek, que foi bloqueada pelo movimento liderado pelo general Henrique Teixeira Lott em 11 de novembro de 1955. Ministro da Guerra até a véspera, Lott provocou o impedimento do presidente da República em exercício, Carlos Luz, e o de Café Filho, licenciado, empossando na chefia da nação o vice-presidente do Senado, Nereu Ramos,e assegurando
assim a posse de Juscelino na presidência da República em janeiro de 1956. Em 1961 Barreto Leite Filho foi nomeado pelo presidente Jânio Quadros embaixador do Brasil em Israel, posto em que permaneceu até 1964. Em seu depoimento ao Cpdoc, afirmou que teria participado do movimento político-militar de 31 de março de 1964 se estivesse no país naquela ocasião. Membro da Faculdade do Colégio Interamericano de Defesa, sediado em Washington, ali permaneceu de 1964 a 1967. Tendo abandonado o marxismo, tornou-se, em suas próprias palavras, um "democrata avançado". Colaborador nos jornais Folha de S. Paulo e Jornal do Brasil,este do Rio de Janeiro, exerceu as mais diversas funções no jornalismo, tendo trabalhado em várias editorias. Publicou artigos na Revista do Brasil.Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 25 de julho de 1987. FONTES: CURRIC. BIOG.; DULLES, J.Anarquistas; Folha de S. Paulo (7/12/1986); PORTO, E. Insurreição; SILVA, H. 1937; Veja (5/8/1987).
https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/LEITE%20FILHO,%20Barreto.pdf
João Batista Barreto Leite |
Die angezeigten Daten haben keine Quellen.